quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Arte Mato-Grossense Texto

Vera Capilé, nascida em Dourados, Mato Grosso do Sul, de uma família de cantores da velha guarda das serestas e do chorinho, viveu em Cuiabá, a partir dos 11 anos, em contato com o Paraguai das guarânias românticas, fazendo a mistura saborosa com o som das rezadeiras, com o siriri, a viola de cocho, o ganzá e tantos outros estilos regionais do Alto Pantanal. Esse ponto de encontro de tantas culturas sonoras forjou uma voz e uma atitude que abriga uma diversidade étnica e cultural de riqueza ímpar, transitando pela música sagrada e profana. Vera cantou em público pela primeira vez aos 5 anos. Já iniciada no piano, aos 11 anos recebe permissão para aprender a tocar acordeon, estudando com Dunga Rodrigues. Em 62 descobre a Rádio A Voz D´Oeste onde participa de programas de calouros e mais tarde ganha um programa. Mas casou logo e abandonou a carreira, formando-se em Psicologia. Voltou a cantar depois de separada. Seu primeiro CD é de 1998 - Cuiabá, um canto de amor -, o segundo, de 2000 - Flor de Laranjeira. Entrega-se de corpo e alma ao trabalho musical; formou sua banda e luta pela união dos artistas do Centro-Oeste e da Amazônia numa rede batizada de “Nós do Mato”. Apresenta-se, também, com orquestras, como a Sinfônica de Mato Grosso. Após a retomada de sua carreira artística, Vera Capilé foi selecionada e convidade a participar no Projeto Pixinguinha, referência pública na cultura e na música popular. Dunga Rodrigues Dunga Rodrigues (1908-2002) foi mais que professora. Figura pública em Cuiabá, membro da Academia Mato-grossense de Letras, lecionou piano para centenas de crianças, jovens e adultos. Além de tocar o instrumento, seus alunos aprenderam o gosto pela música. Cheia de energia, concluiu um curso de especialização em música brasileira aos 89 anos! Com a mesma eficiência e bom humor, lecionou francês no Colégio Estadual de Mato Grosso, hoje Liceu Cuiabano Maria de Arruda Müller. Dunga começou a aprender piano aos cinco anos de idade. Mas foi sob a orientação da professora polonesa Helena Muller que mudou sua relação com a música. Segundo ela, foi essa professora que a ensinou a tirar a intensidade do som com todo o corpo e não apenas com os dedos. Uma revolucionária do seu tempo, cuja irreverência e simpatia encantava à todos. Foi professora, lecionou durante 52 anos em escolas públicas e conservatórios de Cuiabá. Com personalidade forte, soube se impor aos padrões sociais rígidos da época e optou por não se casar e investiu no seu desenvolvimento intelectual e profissional. Foi membro da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, do Centro de Música Brasileira do Estado de São Paulo, do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso e, finalmente, da Academia Matogrossense de Letras. Dunga Rodrigues morreu no dia 06 de janeiro de 2002, aos 93 anos. Junto com o legado de música, coragem e conhecimento, deixou a lição de uma vida bem vivida, com muito bom humor. Francisco Charneca Francisco Charneca é natural de Portugal. Nasceu em Évora em 11 de setembro de 1959 e imigrou com os pais para Moçambique onde morou até aos 15 anos. Aos dois anos de vida começou a desenhar. Lápis e papel eram seus brinquedos preferidos na infância. Com nove anos realiza sua primeira exposição. Mais tarde, dedica-se ao estudo dos grandes mestres da pintura mundial, em especial aos clássicos Michelângelo, Leonardo da Vinci, Carravagio, Pedro Paulo Rubens, Rembrandt Van Rijn. Entre os contemporâneos a principal influência foi de Salvador Dalí. Em Moçambique, Charneca estuda no Colégio Marista Pio XII, dirigido e ensinado por professores brasileiros, e conhece a cultura brasileira. Em 1975 regressa a Portugal, e ensaia uma nova expressão da arte: a banda desenhada e a caricatura. Em 1979 ingressa na Universidade de Évora no Curso de Arquitetura Paisagista. Sua primeira exposição individual foi realizada no Museu Nacional de Évora em maio de 1984. Todas as obras foram vendidas no primeiro dia do evento, registrando o início de uma carreira de sucesso. Em 1996 faz sua primeira exposição em Mato Grosso e fixa raízes no Estado. A inesperada mudança deve-se, em especial, à paixão pela mato-grossense Eva Helena Arruda Gomes. Charneca rende-se aos encantos da bela morena pantaneira, nascida em Várzea Grande, com quem se casa e vive desde 1996. Em seguida, inicia em sua casa uma Escola de Arte onde realiza trabalhos em aquarela, carvão, pastel, óleo e escultura. Em 97 é premiado pela capa da Listel, uma importante publicação anual nacional, de circulação no Estado. Charneca cria a Escola de Artes Plásticas e promove cursos na capital Cuiabá e em diversos municípios mato-grossenses. O artista foi fundador da F. E. Galeria de Arte onde foram realizadas nove exposições, com mais de seiscentas obras entre pintura, escultura e fotografia. Elias Santos - escultor várzea-grandense, foi lançado pela galeria. Clóvis Irigaray, Victor Hugo, Sati Yamamoto, Pedro D’Alcântara (membro da Academia Brasileira de Belas Artes) destacam-se entre os artistas que participaram das exposições. Charneca foi o primeiro artista de Mato Grosso a assumir uma cadeira da Academia Brasileira de Belas Artes.A linguagem adotada pelo artista parte do realismo, passa pelo hiper-realismo e chega ao abstracionismo. Além de esculturas, em suas telas – aquarelas, óleos ou acrílicos -, predominam a multiplicidade e os contrastes de temas universais e regionais que retratam desde a natureza a instantes de comportamentos cotidianos do ser humano. Mais informações e fotos do artista e suas obras podem ser obtidas acessando: http://www.fcharneca.blogspot.com/ Moisés Martins Odontólogo, poeta, compositor, músico, instrumentista e cantor, Moisés Mendes Martins Júnior nasceu em Campo Grande – MS (06/08/1941) e tem destacada atuação na busca da valorização da identidade cultural mato-grossense. É autor de imensa obra literária em prosa e verso e membro da Academia Mato-Grossense de Letras. Considerado um dos principais pensadores da cultura mato-grossense, na busca de resgatar as serestas, idealizou o grupo Sarau Cuiabano. Na área odontológica é profissional de referência. Foi o primeiro Presidente do Conselho Regional de Odontologia e Diretor científico da Associação Brasileira de Odontologia de Mato Grosso. Na área musical, em parceria com Benedito Donizete de Moraes (Pescuma), lançou o projeto Sentimento Cuiabano. É ativista das festividades religiosas/folclóricas de Cuiabá como as festas do Divino, de São João, de São Benedito e de São Gonçalo. Dono de famosas composições do cancioneiro popular como “pixé”, o meio-ambiente e a conservação da natureza são preocupações constantes em suas obras. Flávio José Ferreira Advogado, professor universitário, ator e diretor de teatro, fez todos os seus estudos em Cuiabá, concluindo o ensino médio no Colégio São Gonçalo e o superior na UFMT. De longa data envolvido com a dramaturgia, na década de 1990, fundou a companhia de teatro Cena Onze, revelando e dando oportunidade a importantes talentos. Com o seu trabalho persistente, tem oferecido expressiva contribuição ao teatro mato-grossense. É também autor de várias peças e de livros infantis. Vanessa da Mata Vanessa da Mata nasceu em 1976, em Alto Garças, cidade distante 400 quilômetros de Cuiabá, conhecida por seus rios e cachoeiras. Autodidata, ouviu de tudo na infância, de Luiz Gonzaga a Tom Jobim, de Milton Nascimento a Orlando Silva. Ouviu também diferentes ritmos regionais. É, hoje, a cantora mato-grossense de maior prestígio e sucesso nacional. Mudou-se sozinha para Uberlândia aos 14 anos. Pensava em cursar Medicina, mas, logo aos 15 anos, começou a se apresentar em bares locais. Em 1992, foi para São Paulo, onde começou a cantar em uma banda de reggae formada só por mulheres (Shalla-Ball). Três anos depois, excursionou com a banda jamaicana Black Uhuru e, em seguida, fez parte do grupo de ritmos regionais Mafuá. Neste período, ainda dividia seu tempo entre as carreiras de jogadora de basquete e de modelo. Em 1997, compôs com Chico César a música "A força que nunca seca". Essa música foi gravada por Maria Bethânia em 1999 e concorreu ao Grammy Latino e, desde então, ganhou nome nacional. Fez diversas participações em shows de Milton Nascimento, Bethânia e nas últimas apresentações de Baden Pawell, o que permitiu que sua voz passasse a chamar a atenção do público brasileiro. Em 2002, lançou seu primeiro CD, “Vanessa da Mata”, logo emplacando vários sucessos como “Nossa Canção” (trilha sonora da novela Celebridade), e “Onde Ir” (trilha da novela Esperança). Em 2004, lançou o segundo disco, “Essa boneca tem manual”, que recebeu o disco de platina, sendo a música “Ai, ai, ai..”, de sua autoria, a música nacional mais executada nas rádios em 2006. O terceiro disco (“Sim”), lançado em 2007, foi gravado entre a Jamaica e o Brasil. Este disco conta com participações de ícones da música internacional como Sly, Robbie e Bem Harper, além de grandes músicos brasileiros. Das 13 faixas, “Boa Sorte” (good luck) estourou nas rádios nacionais. Liu Arruda Liu Arruda continua sendo o artista mato-grossense mais popular desde a década de 80. Sua galeria com quase 40 personagens permanece no imaginário coletivo. Seus figurinos e fotografias ganham exposição a partir de hoje (27-11), no MISC. É a mostra "Quarto de vestir – Exposição figurinos de Liu Arruda", que tem a curadoria de Juliana Capilé. Enquanto isso, Ivan Belém, amigo e parceiro de Liu em muitos trabalhos, resgata a comadre Creonice em performance especial também na quinta, às 20h. O baixista Ebinho Cardoso faz um pocket show. A iniciativa integra a 1ª Convenção de Moda Alternativa (de 27 a 30/11). A exposição reúne aproximadamente 50 peças do figurino de Liu, que construiu ao longo de sua carreira quase 40 personagens, como a famosa Comadre Nhara. A mostra também agrega fotografias de diferentes fases e objetiva colher depoimentos e histórias contadas por quem conviveu com Liu, ou até mesmo aqueles que possuem em sua memória, a alegria do artista que imprimiu sua marca na arte mato-grossense. Segundo Juliana Capilé, a mostra é interativa e os visitantes podem deixar suas impressões, seus sentimentos. Fonte de pesquisa: http://www.paginadoe.com.br/home/post/1677

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